A HISTÓRIA DA IGREJA EM SEU PRIMÓRDIO

26/11/2021

Olá povo de Deus! Que a paz de Jesus chegue no seu lar, em sua família. Que Deus abençoe ricamente a vida de cada um com saúde, prosperidade, fé, esperança e amor. Hoje falaremos sobre a história da igreja em seu primórdio. Certa vez uma jovem foi chamada na igreja para falar sobre o assunto, daí ela trouxe a história da denominação dela. Bom, para evitar que isso se passe pela sua cabeça também, é relevante você conhecer esse assunto, pois a igreja existe a milênios. Que esse pequeno resumo histórico venha acrescentar em seus conhecimentos doutrinários neste nosso momento de doutrina em casa. E que Deus seja louvado.

A IGREJA APOSTÓLICA

Período geral: Desde a Ascensão de Cristo, 33 d.C., até a morte de João, 100 d.C.

Período parcial I: Até à pregação de Estêvão, 35 d.C.

A igreja tem seu surgimento no fim da primavera do ano 33 d.C. No mês hebraico siwãn (equivalente a maio-junho). Época em que o nosso Senhor Jesus Cristo foi ascenso aos céus. A igreja teve seu início na cidade de Jerusalém. No dia de pentecostes. 50 dias após a ressurreição de Jesus. Evidentemente, nos primeiros anos de sua história, as atividades da igreja limitaram-se àquela cidade e arredores. As sedes gerais da igreja daquela época eram: no Cenáculo, no monte Sião e no Templo de Salomão. A igreja nasceu formada totalmente por judeus convertidos. Nessa época era inacreditável que os gentios fossem admitidos como membros da igreja de Cristo.

Os pontos doutrinários nesse período eram três:

1) Que Jesus de Nazaré era o Messias prometido a Israel;

2) Que Jesus ressuscitou dentre os mortos;

3) Que o mesmo Jesus que foi elevado ao céu voltaria para reinar com sua igreja.

As autoridades eclesiásticas nesse período eram os apóstolos (ler At.2.42; Ef.2.20). Onde os mais influentes eram: Pedro, Tiago e João. Seguindo a recomendação de Cristo (ler Mt.20.25-28) não havia primazia entre eles. A grande força de evangelização da igreja nesse período era o testemunho (de testificar de Jesus, de morrer pela menagem). Infelizmente a igreja evangélica hoje, uma boa parte, pensa que "testemunho" é contar uma bênção pessoal que ocorreu. Todavia a palavra "testemunho" está no NT grego como "martures" (exemplo At.1.8 e Ap.17.6) que em sua raiz grega "martus" (lembrando que o "u" tem o som de "i" majoritário) significa, testemunha no sentido legal ou histórico de um ocorrido. E também no sentido ético "aqueles que por seu exemplo provaram a força e tenuidade de sua fé em Cristo por sofrer morte violenta" (créditos de J. Strong). Inclusive nisso se destacou Estêvão, homem cheio de fé do Espírito Santo, aquele que foi escolhido com os demais para comporem o grupo de auxílio aos cristãos pobres perseguidos, que por sua fé eram largados pelos seus familiares e religião anterior (ler At.6.1-6). Donde viria a compor mais adiante os diáconos e presbíteros da igreja. O termo literal "testemunho" aparece no NT grego como "marturoumenos" (exemplo At.26.22) que em sua raiz grega "martureo" quer dizer "afirmar ter visto, ouvido ou experimentado algo, ou recebido por revelação ou inspiração divina" (J. Strong).

Período parcial II: Até ao Concílio de Jerusalém, 50 d.C.

Parece que Estêvão, não só como administrador dos serviços materiais da igreja, mas como eloquente pregador, era forte defensor da expansão do evangelho para o mundo inteiro; e esse ideal levou-o ao martírio.

Entre aqueles que participaram de sua morte estava Saulo e logo a seguir se tornou chefe de uma forte perseguição a igreja de Cristo. Onde a partir daqui o evangelho se expandiu para Samaria por intermédio de Filipe. Por quem se expandiu para Gaza, Jope e Cesaréia. Esta última, cidade onde Pedro teve o entendimento do evangelho pertencer também aos gentios, por meio da conversão de Cornélio, um oficial romano temente a Deus que recebera o Espírito Santo e o revestimento de poder.

Com a perseguição promovida por Saulo a igreja de Jerusalém se expandiu por toda parte. Das quais podemos citar Damasco e Antioquia da Síria. Os cristãos fugitivos entravam nas sinagogas testemunhando de Jesus como sendo o Messias. Em todas as sinagogas havia um lugar separado para os gentios. Onde muitos desses ao ouvirem sobre Jesus se convertiam ao evangelho. Saulo foi pessoalmente debelar o crescimento da igreja em Damasco, porém foi interrompido pela visão gloriosa de Jesus. Onde se converte também ao evangelho e se torna poderosa testemunha de Cristo em Damasco e posteriormente a toda a região dos gentios conhecida no mundo antigo.

Nessa altura dos acontecimentos floresceu muito a igreja em Antioquia, da qual adoravam juntos judeus e gentios e desfrutavam dos mesmos privilégios. Foi quando os cristãos judeus começaram a impor a Lei aos gentios convertidos.

Assim, surgiu a necessidade de um Concílio em Jerusalém para tratar do assunto. Nesses aproximados 20 anos de igreja aparecem os chamados "presbíteros", que não eram pessoas idosas (do grego "prebus"), mas um título comparativo de pessoa idônea na fé, sendo "designativo de posto ou ofício [...] entre os cristãos, aqueles que presidiam as igrejas" (do grego "presbuteros" por J. Strong); e conforme Atos dos Apóstolos 15.6 se reuniram com os apóstolos para resolverem a questão. Acredita-se serem eles uma evolução daqueles líderes eleitos em At.6.1-3. E surgem em atividade no livro de Atos dos Apóstolos 11.30.

As conclusões desse Concílio foram:

1 - os gentios e judeus são alvos da graça de Deus sem distinção alguma (At.15.8,9);

2 - não impor a Lei para os gentios (idem v.10) apenas algumas observações (idem v.20);

3 - a humanidade é salva pela graça de Deus e não pela observância da Lei (idem v.11).

Foi em Antioquia que os discípulos passaram a se chamarem de "cristãos". Apelido dado pelos gregos que os ouviam. Vem do NT grego "christianos", quer dizer "cristão, seguidor de Cristo" (ler At.11.26).

Nessa época, por volta do ano 50 d.C., não havia sido escrito nenhum dos livros do Novo Testamento. A igreja, para conhecimento da vida dos ensinos do Salvador, dispunha tão somente das memórias dos apóstolos de Cristo. Entretanto, 12 anos mais tarde, grande parte dos livros do Novo Testamento já estavam circulando, inclusive os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas e as cartas de Paulo, Tiago, 1Pedro e talvez 2Pedro. É provável que a carta aos Hebreus tenha sido escrita depois da morte de Paulo.

Período parcial III: Até o martírio de Paulo, 68 d.C.

Com as decisões tomadas no Concílio de Jerusalém a igreja tornou-se missionária. Através de Saulo, agora mais conhecido como Paulo, em companhia de Barnabé; a igreja ficou destinada para levar a todas as pessoas, de todas as raças, e de todas as nações para o reino de Jesus Cristo. Nesse período eles representavam a autoridade eclesiástica em Antioquia. Paulo era conhecido como o apóstolo dos gentios. Enquanto Pedro, Tiago, João e os demais apóstolos faziam a base da igreja dos judeus em Jerusalém. Esses dois ministérios eram conhecidos como da "circuncisão" e o da "incircuncisão" (ler Gl.2.7-9).

Em suas viagens, durante três anos, por terra e por mar, Paulo percorreu mais de três mil quilômetros, fundou igrejas em sete cidades e abriu, pode-se dizer, o continente da Europa à pregação do Evangelho. Na sua terceira viagem missionária foi preso em Jerusalém quando voltava das ilhas gregas. Paulo mesmo preso pregou o evangelho em Roma.

Em 64 d.C., uma grande parte da cidade de Roma foi destruída por um incêndio. Diz-se que foi Nero, o pior de todos os imperadores romanos, quem ateou fogo à cidade. Contudo, essa acusação ainda é discutível. Todavia, a opinião pública responsabilizou Nero por esse crime. A fim de escapar dessa responsabilidade, Nero culpou os cristãos. E moveu contra eles dura perseguição. Milhares de cristãos foram mortos e torturados, entre os quais se conta Pedro, que fora crucificado em 67 d.C., e o apóstolo Paulo, que foi decapitado no ano 68 d.C.

Período parcial IV: Até à morte de João, 100 d.C.

Após o desaparecimento de Paulo, durante um período de cerca de 50 anos uma cortina desce sobre a igreja. Apesar do esforço feito pelos historiadores para olhar através da cortina, nada se observou. Finalmente, cerca do ano 120 d.C., nos registros feitos pelos "pais da igreja", deparamos com uma igreja em vários aspectos, muito diferente da igreja apostólica dos dias de Pedro e de Paulo.

Os pais da igreja foram influentes teólogos, professores e mestres cristãos e importantes bispos. Seus trabalhos acadêmicos foram utilizados como precedentes doutrinários para séculos vindouros. Existiram entre o século II e VII d.C. Os que permaneceram sem influência do Catolicismo Romano foram apenas os que existiram até o século IV d.C.

A queda de Jerusalém no ano 70 d.C., impôs transformação nas relações existentes entre cristãos e judeus. Chefiado pelo general Tito, os exércitos romanos destruíram Jerusalém INCLUSIVE O TEMPLO, milhares de judeus morreram e outros milhares foram feitos escravos. A nação judaica foi assim destruída e só em 15 de maio de 1948 veio a ser restaurada. Cumpriu-se as palavras de Jesus que disse:

"Tendo Jesus saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram dele os seus discípulos para lhe mostrar as construções do templo. Ele, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada." (Mateus 24:1-2 ARA).

Na queda de Jerusalém morreram poucos cristãos. Atentos às declarações proféticas de Jesus Cristo sobre a destruição do templo em Mateus 24 os cristãos foram admoestados e escaparam dessa destruição refugiando-se em Pela, no Vale do Jordão. Entretanto, o efeito produzido na igreja, pela destruição de Jerusalém foi que pôs fim nas relações entre Judaísmo e Cristianismo. Até então, a igreja era considerada pelo governo romano e pelo povo, em geral, como um ramo da religião judaica. Mas, dali por diante judeus e cristãos separaram-se definitivamente. Ficando um pequeno grupo de judeus cristãos durante dois séculos, vindo a decrescer posteriormente.

Cerca do ano 90 d.C., o cruel e indigno imperador Domiciano iniciou a segunda perseguição imperial aos cristãos. Durante esses dias, milhares de cristãos foram mortos, especialmente em Roma e em toda a Itália. Não se estendeu por todo o império como a de Nero, mas resultou na prisão e exílio do apóstolo João em Patmos, ilha do mar Egeu. Foi onde João teve as últimas revelações divinas compondo o livro do Apocalipse. O último texto do Novo Testamento. O fim do período da revelação divina. É provável que João tenha morrido em Éfeso por volta do ano 100 d.C.

Foi durante esse período que se escreveram os últimos livros do Novo Testamento: Hebreus, as três epístolas de Judas e o Apocalipse. Contudo, o reconhecimento universal desses livros, como inspirados e canônicos, só aconteceu mais tarde. No final do século I d.C. as doutrinas ensinadas por Paulo na epístola aos Romanos eram aceitas por toda a igreja, como regra de fé. As epístolas de Pedro e João concordavam com os escritos de Paulo.

O batismo, principalmente por imersão, era o rito de iniciação na igreja em toda parte. O dia do Senhor (domingo da ressurreição) era observado, guardado, como um dia absolutamente separado para o descanso e adoração. Enquanto a igreja até o ano 50 d.C. observava o sábado por influência do judaísmo, pouco a pouco o primeiro dia da semana (domingo da ressurreição) tomava o lugar do sétimo dia. A Ceia do Senhor era observada universalmente. No início, celebrada no lar (assim como na páscoa), por influência do judaísmo, depois na congregação dos cristãos. Com o crescimento da igreja.

Nesse período celebravam-se reuniões nos lares e quando possível, em salões alugados. Porém, sob fortes períodos de perseguições imperiais de Roma, a igreja se reunia nas catacumbas foragidos das leis romanas contra a fé cristã.

Se formalizou em todas as igrejas cristãs:

1) A observância do domingo como dia de descanso cristão:

"Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta," (Apocalipse 1:10 ARA o grifo é meu).

2) A celebração litúrgica da Ceia do Senhor:

"Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha". (1 Coríntios 11:23-26 ACF).

3) A celebração do batismo nas águas:

"Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos". (Colossenses 2:12 ACF).

Continua... até a próxima semana pessoal. Bom fim de semana pra todos e que a paz de Jesus habite ricamente em seus corações.

Período parcial V: Até ao Edito de Constantino, 313 d.C.

"Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos." (2 Timóteo 3:12 ARA). Não é normal a igreja cristã viver sem ser perseguida. Pode até haver um período de paz com a igreja e tempos de refrigério, mas a história constata sempre um ódio ao cristianismo.

O fato de maior destaque nesse período foi, sem dúvida, a perseguição ao cristianismo promovida pelos imperadores romanos. Várias foram as causas que levaram ódio aos imperadores para desferirem tamanha perseguição aos cristãos:

1) O paganismo em suas práticas aceitava as novas formas de adoração que iam surgindo, enquanto o cristianismo rejeitava qualquer forma ou objeto de adoração;

Reflexão história x atualidade: Enquanto que hoje, infelizmente, muitos chamados de cristãos católicos prestam homenagem a santos por meio da DULIA e a Maria (chamada de "nossa senhora") por meio da HIPERDULIA. No meio evangélico temos vários pastores filiados a Maçonaria e vários cristãos se envolvendo com festas juninas (culto aos santos populares do período de junho), Halloween (dia das bruxas), etc.

2) A adoração ao imperador era considerada como prova de lealdade. Entretanto, os cristãos recusavam-se a prestar tal adoração, mesmo um simples oferecimento de incenso sobre o altar. E por isso eram considerados como desleais e conspiradores de uma revolução;

Reflexão história x atualidade: Hoje o povo evangélico presta culto a personalidades: cantores, pregadores, bispos, apóstolos e pastores de uma forma desvergonhosa e descarada.

3) As reuniões secretas dos cristãos despertaram suspeitas. Eles se reuniam do nascer do sol, ou então à noite, quase sempre em cavernas ou nas catacumbas. A esse respeito circulavam falsos rumores de que entre eles praticavam-se atos imorais e criminosos;

Reflexão história x atualidade: Hoje, os cristãos colocam a maior dificuldade ao comparecimento as reuniões semanais da igreja.

4) A celebração da Ceia do Senhor, da qual eram excluídos os estranhos, repetidas vezes era causa de acusações e de perseguições;

Reflexão história x atualidade: Hoje a Ceia do Senhor é exibível ao público e servida a pessoas que não sabem o seu significado, não se batizaram nas águas e nem se quer se converteram a Cristo. A chamada "ceia inclusiva" é uma afronta a história do cristianismo.

5) O cristianismo considerava todos os homens iguais. Não havia nenhuma distinção entre seus membros, nem em suas posições. Um escravo podia ser escolhido bispo na igreja. Porém, no império romano isso era coisa inaceitável para a mentalidade dos nobres, para os filósofos e para as classes governamentais. Por isso eram considerados como anarquistas, perturbadores da ordem social. Inimigos do Estado.

Reflexão história x atualidade: Atualmente o cristianismo é criticado por "preconceito racial" e "dívida histórica" com os escravos. Enquanto que desde os seus primórdios a igreja foi tratável de maneira igual com todos. Inclusive na colaboração histórica do abolicionismo no século XVIII d.C. E na inclusão massiva de negros na igreja por meio do movimento pentecostal no início do século XX d.C.

"Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus [...] Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus". (Gálatas 3:26,28 NVI).

AS PERSEGUIÇÕES:

"Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós." (Mateus 5:10-11 ARA).

"Antes, porém, de todas estas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome; e isto vos acontecerá para que deis testemunho. Assentai, pois, em vosso coração de não vos preocupardes com o que haveis de responder; porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir, nem contradizer todos quantos se vos opuserem. E sereis entregues até por vossos pais, irmãos, parentes e amigos; e matarão alguns dentre vós. De todos sereis odiados por causa do meu nome." (Lucas 21:12-17 ARA).

Desde o reinado de Trajano ao de Antonino Pio (98 - 161 d.C.), o cristianismo não era reconhecido, mas também não foi perseguido de modo severo. Todavia, a igreja teve muitos mártires. Entre eles: Simeão, sucessor de Tiago, bispo da igreja em Jerusalém. Foi crucificado por ordem do governador romano na Palestina, no ano 107 d.C. Durante o reinado de Trajano. Inácio, foi lançado as feras no anfiteatro romano, no ano de 109 d.C.

Durante o reinado de Marco Aurélio (reinou de 161 a 180 d.C.) milhares de cristãos foram decapitados e devorados pelas feras na arena. Entre essa multidão de mártires desse período temos: Policarpo, bispo de Esmirna, na Ásia menor; morreu no ano 155 d.C. Ao ser levado perante o governador para abjurar a fé e negar o nome de Jesus, respondeu: "Oitenta e seis anos o servi, e somente bens recebi durante todo o tempo. Como poderia eu agora negar ao meu Senhor e Salvador?". Policarpo foi queimado vivo.

Septímio Severo (reinou de 193 a 211 d.C.) iniciou uma terrível perseguição que durou até sua morte em 211 d.C. Em todos os lugares havia perseguição contra a igreja. Porém, onde se manifestou mais intensa foi no Egito e ao norte da África. Em Alexandria, Leônidas, pai do teólogo Orígenes, foi decapitado. Perpétua, nobre mulher de Cartago, e Felícitas, sua fiel escrava, foram despedaçadas pelas feras, no ano 203 d.C. Tão cruel fora o instinto desse imperador que os cristãos consideravam-no como o anticristo.

Caio Décio (reinou de 249 a 251 d.C.) iniciou outra terrível perseguição; felizmente seu governo foi curto e com sua morte cessou a perseguição durante algum tempo. Com a morte de Décio seguiram-se mais de cinquenta anos de relativa calma, somente quebrada em alguns períodos por breves levantes contra os cristãos. Um desses períodos foi no tempo de Valeriano, no ano 257 d.C., onde Cipriano, bispo de Cartago, um dos maiores escritores e dirigentes desse período, foi morto.

A última e sistemática e a mais terrível de todas as perseguições deu-se governo de Diocleciano e seus sucessores de 303 a 310 d.C. Em uma série de editos determinou-se que todos os exemplares da Bíblia fossem queimados. Ao mesmo tempo ordenou-se que todos os templos construídos em todo o império durante meio século de aparente calma, fossem destruídos. Em alguns lugares os cristãos eram encerrados nos templos, e depois ateavam-lhe fogo, com todos os membros dentro.

Constantino (272 - 337 d.C.), filho de Constâncio, servindo como coimperador, o qual nesse tempo ainda não professava o cristianismo, expediu o memorável Edito de Tolerância, no ano 313 d.C. Por essa lei o cristianismo foi oficializado, sua adoração tornou-se legal e cessou a perseguição. Posteriormente, em 323 d.C. já imperador de Roma, Constantino favoreceu ao cristianismo. Alguns dos templos destruídos por Diocleciano foram restaurados. E novos templos foram erguidos em toda parte.

OS PAIS DA IGREJA

O título "Pai", aplicado historicamente a alguns líderes cristãos, surgiu devido à reverência que muitos nutriam pelos bispos dos primeiros séculos. A estes chamavam carinhosamente de "Pais" devido ao amor e zelo que tinham pela Igreja.

Os primeiros pais da igreja foram homens que tiveram contato direto com os apóstolos, ou que foi citado por alguns deles. Para três indivíduos: Clemente de Roma, Inácio e Policarpo esta titulação é regularmente aplicada. Principalmente Policarpo, para o qual existem evidências de contato direto com os apóstolos.

É de suma importância analisar a doutrina dos chamados "Pais da igreja", pois eles foram os responsáveis pelo povo de Deus daquela época e pela teologia que construíram, sendo que até hoje serve de base para a Igreja. Do século II até o século IV, nomes como o de Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, Inácio de Antioquia, Policarpo, Justino o mártir, Irineu de Lião, Origines, Tertuliano e outros, que foram os responsáveis por transmitir os ensinamentos bíblicos, merecem não pouco reconhecimento por sua fé, virtude e zelo que nutriam pelo corpo de Cristo na terra: a Igreja.

Podemos dividir os Pais da Igreja em três grandes grupos, a saber: Pais apostólicos, Apologistas e Polemistas.

Pais apostólicos: Foram aqueles que tiveram relação mais ou menos direta com os apóstolos e escreveram para a edificação da Igreja, geralmente entre o primeiro e segundo séculos. Os mais importantes destes foram: Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Papias de Hierápolis e Policarpo.

Pais Apologistas: Foram aqueles que empregaram todas suas habilidades literárias em defesa do Cristianismo perante a perseguição do Estado. Geralmente este grupo se situa no segundo século e os mais proeminentes entre eles foram: Tertuliano, Justino (o mártir), Teófilo e Aristides.

Pais Polemistas: Os pais desse grupo não mediram esforços para defender a fé cristã das falsas doutrinas surgidas fora e dentro da Igreja. Geralmente estão situados no terceiro século. Os mais destacados entre eles foram: Irineu, Tertuliano, Cipriano e Orígenes.

Apesar da importância que os pais da igreja tiveram, não devem ser tratados como "papas" ou como "continuação dos apóstolos". Apenas foram pessoas ilustres do cristianismo. Líderes cristãos que fizeram a diferença em sua época e trouxeram bases teológicas para a igreja de Cristo. Nenhum deles viram o Senhor; não conviveram com Ele (ler At.1.21,22) e nem fizeram o fundamento do cristianismo (ler Ef.2.20). Eles assumiram a fé, teologia e a liderança cristã após o período da revelação bíblica. Sendo suas obras de grande estima para nós.

Uma herança histórica que temos dos pais da igreja é o texto bíblico citado por eles. Se todas as Bíblias fossem destruídas poderíamos montar ela inteira novamente, só pelos escritos dos pais da igreja.

Eles mencionaram também a famosa confissão de fé histórica do cristianismo, que é o CREDO APOSTÓLICO. Segundo o livro O CREDO DOS APÓSTOLOS, o autor escreve: "A história da formação do Credo está conectada com o nascimento da Igreja Cristã. A forma integral do que conhecemos hoje como Credo dos Apóstolos teve sua origem em torno do século VIII na Gália, atual França - mencionado num sermão de Cesário de Arles. Entretanto, partes dele já eram bem mais antigas e se acham nos escritos de alguns Pais da Igreja, e eram chamados de 'regra de fé' ou 'tradição'. No final do século III, Hipólito de Roma, que foi presbítero na capital do Império, em sua obra Tradição Apostólica, ofereceu uma profissão de fé estruturada em forma de perguntas que lembra muito o Credo". (Página 26,27).

No livro IGREJA GILEADE escrevo: "O Credo Apostólico (ou Credo dos Apóstolos). Não foi feito pelos apóstolos, mas em homenagem a eles. Era uma fórmula utilizada nos batismos da igreja cristã. O indivíduo que quisesse se batizar tinha que afirmar aquelas verdades do Credo. A autoria e datação do Credo Apostólico verificam-se em duas fontes: Marcelo, bispo de Ancira (285-374 d.C.) e Rufino, sacerdote de Aquileia (345-411 d.C.). Bettenson (1983. P.54) faz menção a ambos, como coautores do referido credo: O Antigo Credo Romano [...] Credo de Marcelo. Bispo de Ancira, enviado a Júlio, Bispo de Roma, ano 340. Marcelo, desterrado de sua diocese por pressões arianas, passou quase dois anos em Roma e, antes de se retirar, deixou este documento de sua fé. Rufino, sacerdote de Aquileia, [...] ano 400, [...] compara o credo composto pelos apóstolos em Jerusalém e conservado pela Igreja Romana como profissão de fé em seu ritual de batismo. Este credo difere do de Marcelo apenas em detalhes. [...] O Credo Apostólico completo, tal como conhecemos, encontra-se pela primeira vez em Dicta Abbatis Pirminii de singulus libris canonicis scarapsus [...] ano 750". (Página 78, 79).

Vejamos esse precioso texto em sua versão luterana:

"Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu Filho unigênito, nosso Senhor, o qual foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu ao mundo dos mortos, ressuscitou no terceiro dia, subiu ao céu, e está sentado à direita de Deus Pai, todo-poderoso, de onde virá para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja cristã, a comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição do corpo e na vida eterna. Amém".

Uma obra muito importante para educar crianças dentro da fé cristã através da sua memorização.

Referencial teórico:

História da Igreja Cristã. Por Jesse Lyman Hurlbut. Editora Vida.

Wikipédia: https://pt.wikipedia.org

Cristianismo Através dos Séculos. Por Earle E. Cairns. Editora Vida Nova.

IGREJA GILEADE, minha visão teológica. Por Daniel de A. Durand. Editora Hotmart.

Credo dos Apóstolos. Por Franklin Ferreira. Editora Fiel

Catecismo Menor de Lutero.

Se você deseja se entregar a Jesus acesse ao nosso link:

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Pr. Daniel Durand (ThB.) Por Cristo, com Cristo e em Cristo. 

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