O DOM DE PROFECIA
Olá povo de Deus! Que a paz de Jesus chegue no seu lar, em sua
família. Que Deus abençoe ricamente a vida de cada um com saúde,
prosperidade, fé, esperança e amor. Hoje falaremos sobre o
dom de profecia. Certa
vez uma pessoa dizia "Deus fala comigo!" daí, um certo dia, Deus
fez cair uma Bíblia no pé dela, daí ela gritou "ai meu Deus!".
Pois é, a voz de Deus está tão próxima de nós que só dá tempo
de gritar. Que esse texto venha acrescentar em
seus conhecimentos doutrinários neste nosso momento de *doutrina em
casa*. E que Deus seja louvado.
Devido a grande exploração e divulgação de tal dom, precisamos de um esclarecimento bíblico sobre este dom magnífico citado em 1Coríntios 12.10. E tenho o interesse de que, como o apóstolo Paulo, a igreja não fique "ignorante" quanto aos dons. Especialmente por este, pois foi muito evidenciado e valorizado pelo referido apóstolo do Senhor Jesus (1Co.14.39a). Ele usa a palavra grega "agnoeo" para "ignorante". Que significa "ser ignorante, não conhecer, não entender, desconhecer, errar ou pecar por ignorância, estar errado". Quantas pessoas na igreja não estão "agnoeo" sobre o assunto? Jesus já dizia aos fariseus: "... Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus". (Mt.22.29 ARA).
O POSICIONAMENTOS DAS IGREJAS EVANGÉLICAS SOBRE O ASSUNTO
As igrejas evangélicas/protestantes se classificam atualmente em:
1) Tradicionais: calvinistas, wesleyanas, luteranas, anglicanas, reformadas históricas
2) Pentecostais clássicos: arminianos, semi-pelagianos ou calvinistas
3) Neopentecostais: semi-pelagianos
Existe um universo de crenças dentro de cada ramificação das igrejas evangélicas, por isso não posso me estender nesse ponto. Vou me focar apenas sobre o posicionamento de cada ramificação quanto ao nosso assunto de hoje.
O dom de profecia é visto como legítimo em todas as ramificações evangélicas. A diferença ocorre quanto ao tempo em que o dom de profecia se faz legítimo no pensamento das ramificações evangélicas. Por exemplo: Nas igrejas tradicionais o dom de profecia é visto no tempo passado. Um dom que existiu nos tempos bíblicos, mas que agora não continua. Pois as igrejas tradicionais são adeptas do Cessacionismo. Isto é, uma visão cristã na qual se formula que parte dos chamados dons do Espírito Santo, apesar de terem sido de fundamental utilidade e importância nos primórdios da igreja cristã, cessaram de existir ainda no período da Igreja Primitiva. Já nas igrejas pentecostais clássicas o dom de profecia é visto no tempo presente. Um dom que existiu nos tempos bíblicos e que continua existindo nos tempos atuais. Pois as igrejas pentecostais clássicas são adeptas do Continuísmo. Isto é, uma visão cristã que acredita na continuidade dos chamados dons do Espírito Santo, inclusive o dom de profecia. E, por fim, nas igrejas neopentecostais há uma divergência sobre o dom de profecia, algumas aceitam outras não. É muito indefinido o assunto dentro das igrejas neopentecostais. Seja os neopentecostais de primeira onda, segunda ou terceira.
Nesse diapasão a Igreja Cristã Gileade procura uma postura moderada e equilibrada no que diz respeito a ser igreja pentecostal. No livro IGREJA GILEADE, escrevo:
"Todas as igrejas pentecostais que desejam manter suas raízes no movimento de reforma se veem num desafio constante entre o Sola Scriptura e as experiências pentecostais. Stanley Horton (1997. P.26) fala sobre esse desafio: 'Os pentecostais tiveram de fazer certo esforço para manter o equilíbrio entre os ensinos bíblicos e a experiência religiosa. Apesar de haverem assumido um compromisso baseado no princípio da autoridade bíblica, segundo a Reforma Protestante ('as Escrituras somente'), como única regra de fé e prática, experimentavam a tentação de elevar as revelações pessoais e outras manifestações místicas ao mesmo nível'. Podemos assim dizer que, a IGREJA GILEADE procura tomar uma postura pentecostal moderada, não anulando a experiência pessoal, todavia colocando-a sob a luz das Escrituras. Ou como disse Stanley: 'manter o equilíbrio' [...] Portanto, a IGREJA GILEADE tem por base uma teologia pentecostal equilibrada, com suas ênfases em Jesus: Salvador, Batizador, Médico e Rei Vindouro. Isto é, que Jesus: 1) salva, 2) batiza no Espírito Santo, 3) cura e 4) breve voltará [...] Essa igreja está focada no pentecostalismo clássico acompanhada de uma postura moderada". (2017. Páginas 63,64,67,68).
Resumindo, a Igreja Cristã Gileade é adepta do Continuísmo, porém todas as experiências espirituais são inferiores a Bíblia Sagrada e sujeitas a prova da mesma. Caracterizando-se como uma igreja moderada e equilibrada na inserção no pentecostalismo.
CONTINUÍSMO X CESSACIONISMO, PONTO DE EQUILÍBRIO
No livro IGREJA GILEADE, eu escrevo: "Continuísmo é o pensamento de origem pentecostal que acredita na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade [...]. O continuísmo é a favor não só do batismo no Espírito Santo entendido como revestimento de poder, mas também da existência destes dons. Que Deus fez milagres e continua fazendo sempre que Ele quiser, e que Ele usa pessoas dotadas de Seus dons para isso. Já os cessacionistas, aqueles que se opõe ao continuísmo, têm que se deparar com uma liturgia fosca e uma fé num Deus do pretérito, que fez grandes coisas nos tempos bíblicos. O cessacionismo limitam-se apenas a narrar os milagres bíblicos sem vivenciá-los na atualidade. Acredita que os dons cessaram e restringem o batismo no Espírito Santo unicamente ao novo nascimento. O ponto de equilíbrio destes dois pensamentos deve ser no cuidado com o Sola Scriptura, moderando as experiências espirituais dos dons com o Soli Deo Gloria e 1Coríntios 14. Colocando-as abaixo das Escrituras, jamais superiores ou iguais. Comparando-as e confrontando-as com a Escritura". (2017. Página 318).
OS CLASSIFICADOS DONS DO ESPÍRITO SANTO
Estão registrados na Bíblia assim: "A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso. Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las. Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente." (1 Coríntios 12:7-11 ARA, o grifo é meu).
No livro IGREJA GILEADE, escrevo: "Cremos na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade (1Co.12.1-12). [...] Acreditamos que todo cristão poder ser instrumento de Deus na manifestação de algum dom do Espírito [...] Quando não se referem a doutrina da salvação (soteriologia), os dons referem-se a doutrina do Espírito Santo (pneumatologia). O fato é que, conforme vimos, a palavra mais associada ao presente tópico é 'charisma'. Onde, nos Estados Unidos, o movimento pentecostal é mais conhecido como movimento 'carismático'. Derivação desta palavra grega. E que os dons, seja relacionado a doutrina da salvação ou a doutrina do Espírito Santo, não podem ser deixados no passado. Foram e podem ser atuais. Basta que venhamos a confiar nas Escrituras. Os 'dons espirituais', conforme traduz a versão Almeida Revista e Atualizada (ARA) e também as traduções AXXI, ARC, KJA, NVI, é tradução da palavra grega 'pneumatikos' que quer dizer, em conformidade com os textos relacionados ao presente tópico (1Co.12.1; 14.1,12), 'que pertence ao Espírito Divino' ou 'alguém que está cheio e é governado pelo Espírito de Deus'. Neste sentido, não podemos de forma alguma negar a atualidade dos dons. Negar que pessoas sejam cheias do Espírito de Deus, negar as coisas do Espírito". (2017. Páginas 313-315).
A TERMINOLOGIA DAS PALAVRAS RELACIONADAS
Darei aqui uma explanação sobre o assunto tomando como base a visão neotestamentária (sob a ótica do Novo Testamento), e assim sendo, usarei as definições para profecia e profeta na língua do mesmo: o grego.
Profecia: vem do grego "propheteia" que significa: "discurso que emana da inspiração divina e que declara os propósitos de Deus, seja pela reprovação ou admoestação do iníquo, ou para o conforto do aflito, ou para revelar coisas escondidas; especialmente pelo prenunciar de eventos futuros".
Profeta: vem do grego "prophetes" que significa: "intérprete de oráculos ou de outras coisas ocultas"; também: "alguém que, movido pelo Espírito de Deus e, por isso, seu instrumento ou porta-voz, solenemente declara aos homens o que recebeu por inspiração, especialmente aquilo que concerne a eventos futuros, e em particular tudo o que se relaciona com a causa e reino de Deus e a salvação humana". E ainda "Poeta, os gregos acreditavam que os poetas cantavam sob inspiração divina".
A PROFECIA NO ANTIGO TESTAMENTO
No Antigo Testamento a profecia atuava sob os homens e mulheres de Deus para tratar não somente de assuntos citados acima, mas para "doutrinar" e "fundamentar" a fé da comunidade de Israel, que refletiu também para a Igreja (ver Ef.2.20). Pois temos como herança em nossas Bíblias os 39 livros canônicos escritos na sua maioria por "profetas".
A profecia do antigo testamento possuíam uma característica exclusiva que difere totalmente do dom de profecia no novo testamento. Os profetas do antigo testamento eram a palavra de Deus oral. Pois as Escrituras e as doutrinas nesta época ainda estavam em formação e desenvolvimento. Não era fácil ter em escrito a Palavra de Deus. Por isso eram bastantemente consultados (ver 2Rs.22.13-20). E isso perdurou por todo o século I d.C. nos apóstolos sob inspiração plena do Espírito Santo para também escreverem, registrarem e trazerem as doutrinas e revelações do novo testamento; por isso Paulo fala em "fundamento dos apóstolos e profetas". (Efésios 2.20 ARA; ver também Lc.11.49). Pedro ao falar sobre os profetas do antigo testamento escreveu: "sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo". (2Pedro 1.20 ARA). Esta característica exclusiva dos profetas do antigo testamento se encerrou em João Batista, por isso Jesus disse: "A Lei e os Profetas vigoraram até João...". (Lucas 16.16a ARA). Coube a Jesus prosseguir com tal característica (ver Hb.1.1,2), daí o por quê da frase seguinte: "... desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus...". (Lucas 16.16b ARA). Após a sua ascensão, Jesus confiou o seu santo evangelho aos seus "apóstolos" (Gl.2.7; Jo.15.15; 14.26; 20.21; Lc.24.48; At.1.3). Assim eles passaram a ser "Palavra de Deus oral" até o fim do século I d.C., período necessário para se escrever e concluir o novo testamento. Do século II d.C., em diante (com a morte dos apóstolos) a igreja cristã ficou dependendo da "Palavra de Deus escrita", composta de antigo e novo testamento.
A PROFECIA NO NOVO TESTAMENTO
É notável o dom de profeta nas páginas do Novo Testamento porque a igreja do primeiro século ainda estava sob o período da revelação das Escrituras. E muita profecia ainda tinha que ser dada. Para você ter uma ideia, na era apostólica não havia ainda, nas primeiras décadas, nenhum texto do Novo Testamento. Daí porque Paulo fala de profetas (veja Ef.4.11; 1Co.12.28,29; 14.29,32,37); bem como Lucas (veja Atos 11.27; 13.1; 15.32; 21.10). E também os Evangelhos (veja Lc.2.36; Mt.11.9-11). Os demais textos do Novo Testamento quando falam de profetas, referiam-se aos do Antigo Testamento, aos profetas anônimos ou se referem aos falsos profetas, que é previsão bíblica de que eles apareceriam para enganar a muitos (ver Mt.7.15; 24.11, 24.24; Mc.13.22; Lc.6.26; At.13.6; 1Jo.4.1,4). São chamados de "falsos" porque suas profecias são mentirosas, são contrárias a Palavra de Deus ou não se cumprem. (ver Dt.18.22; 13.1-3; Ez.13.3; Jr.14.14). A palavra "profetas" no NT tem um total de 88 ocorrências na versão ARA e 63 no singular.
Alguns teólogos pentecostais concluem que quem tem o dom de profecia é profeta. Todavia, os dois dons são citados separadamente (Ef.4.11, 1Co.12.10,28-30; Rm.12.6). E possuem uma carga de responsabilidades distintas: Os profetas fizeram o fundamento da igreja (Ef.2.20), revelaram coisas relacionadas ao fim dos tempos, às profecias escatológicas. (Exemplo: Zacarias, Ezequiel, Daniel, João do Apocalipse, Paulo em algumas de suas epístolas, Pedro também, etc.). Revelaram sobre o ministério do Messias (Exemplo: Moisés, Isaías, Miquéias, etc.). Enquanto que o dom de profecia não trata dessas coisas, mas simplesmente de edificar, consolar e exortar as pessoas (ver 1Co.14.3); profetizar para as pessoas revelando assuntos pessoais (idem v.24,25). Observe que Paulo fala sobre o dom de profecia no capítulo 14 dos versos 1 a 25, mas quando ele chega ao verso 29 ele inicia a frase "Tratando-se de profeta..." (tradução ARA, BKJA, NVI e NAA) passando a trazer orientações sobre outro dom: o de profeta. Paulo *aqui distingue claramente o dom de profeta do dom de profecia*. Em outras traduções a frase começa "E falem dois ou três profetas..." (ACF, ARC); "Que dois ou três profetas falem..." (AXXI); "Quanto aos profetas..." (BJ); "Falem os profetas..." (SB Britânica); "Quanto aos profetas..." (BAM); enfim, as traduções demonstram que o início da frase no verso 29 Paulo começa a falar de outro dom, diferente do que ele vem falando nos versos anteriores. Podem até variar as colocações das palavras, mas a conclusão é óbvia.
Vejamos cada papel espiritual do dom de profecia: "Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação". (1Co14.3 ARC).
Edificação, do grego "oikodome": ato de construir; construção; usado como metáfora do processo de construção ou edificação de uma casa ou edifício. Como os profetas do antigo testamento e os apóstolos e profetas do novo testamento já haviam feito o fundamento, o dom de profecia ficou incumbido de trabalhar na vida dos membros do corpo de Cristo, numa continuidade da *edificação pessoal* sobre o fundamento que já foi posto. Por isso Pedro nos chama de "pedras vivas" ou "pedras que vivem" (ver 1Pe.2.5). A palavra grega que ele usa é "lithos" (pedras de construção, pedras trabalhadas, lapidadas. Diferente de "petros": Pedro - pedra bruta). O dom de profecia atua nesta área colaborando com o crescimento espiritual da igreja com aquilo que lhe é peculiar em sua terminologia: revelando pecados ocultos, eventos futuros individuais das pessoas (de forma alguma dos "últimos tempos": Ap.22.18,19), segredos do coração (1Co.14.24,25) e assuntos da vida.
Observação: A profecia é resultado direto do Espírito Santo, não provém de terceiros ou informações coletadas por pessoas. Pois sendo assim cairá em total descrédito de que esteja sob a unção divina.
Exortação, do grego "paraklesis": convocação, aproximação, importação, súplica, solicitação, exortação, admoestação, encorajamento. O dom de profecia atua também convocando as pessoas e o povo de Deus para levar suas vidas para uma comunhão mais intensa com Deus, uma vida de temor e santidade. Fazendo uso da profecia conforme já mencionei acima.
Consolação, do grego "paramuthia": qualquer discurso seja feito com o propósito de persuadir, despertar, estimular, acalmar ou consolar. O dom de profecia atua ainda como responsável pela estima do povo de Deus. Para que o povo de Deus não se desfaleça, para que não perca a fé e nem a esperança. Fazendo uso da profecia conforme já mencionei anteriormente. Para não me tornar repetitivo aqui.
A PROBLEMÁTICA DA ORDEM DO CULTO
"Tudo, porém, seja feito com decência e ordem." (1 Coríntios 14:40 ARA).
A igreja de Corinto não é uma igreja modelo para nós. Tudo que faziam era excessivo. Por isso, qualquer descrição feita pelo apóstolo nas duas cartas não devemos tomá-la por exemplo. Mas como orientação para não sermos iguais a essa igreja, inclusive quanto a decência e ordem do culto. Por exemplo:
Quando Paulo diz: "Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação". (1Coríntios 14.26 ARA). Não significa dizer que toda igreja evangélica tem que ter esta diversidade. O apóstolo estava organizando o que tinha nesta referida igreja para que houvesse uma ordem. Pois o culto na igreja de Corinto estava bagunçado.
Caso a igreja atual tenha a mesma característica de Corinto, cabe ao Pastor (que é o dom ministerial responsável pelo cuidado e orientação da igreja) aplicar a mesma palavra de Paulo aqui. E ainda, tendo ou não a igreja atual a mesma diversidade que a igreja de Corinto, duas orientações devem ser colocadas aqui para que haja ordem no culto no que diz respeito ao dom de profecia, (assunto em apreço):
O pastor é o responsável pela igreja (ver Hb.13.17), e como tal, tem maior autoridade do que o que tem o dom de profecia, visto que não é profeta, pois os profetas já passaram (os profetas estão somente na Bíblia). Assim, quando alguém tem uma profecia a transmitir para igreja, este deve comunicar ao pastor primeiro, se Deus confirmar em seu coração, ele profere a igreja. Observe que as revelações que Deus trouxe ao apóstolo João na ilha de Patmos sobre as igrejas da Ásia não foram endereçadas a igreja, mas ao "anjo da igreja", título dado ao pastor (exemplo: Ap.2.1). Assim, se Deus usa alguém em profecia, tem que falar ao seu anjo também. Pois Deus não traz confusão (1Co.14.33). Veja que Ap.1.20 o pastor é colocado como "estrela" e a igreja como "candeeiros". Não devemos esquecer que pastor é dom ministerial (ver Ef.4.11). E que este dom continua após a morte dos apóstolos pastoreando a igreja e suprindo a ausência deles (ver At.20.28; 1Pe.5.1-4; Tt.1.5).
Levando em conta orientação acima, é preferível que quem tem o dom de profecia exerça junto ao povo individualmente, tratando pessoa por pessoa, trazendo aquilo que Deus mandou dizer. Evitando o uso de profecia no púlpito, para toda a igreja. Pois quem deve trazer a mensagem de Deus para toda a igreja é o pastor, o anjo da igreja ou pregador ou proclamador da Palavra de Deus, que é profética, plena e perfeita (2Tm.3.16; Hb.4.12). Paulo atribuiu aos pastores a tarefa de falar a igreja (ver 2Tm.4.1,2; Tt.2.1-10,15).
DONS DO ESPÍRITO SANTO E DONS MINISTERIAIS
Os dons do Espírito Santo (ou dons espirituais) não são a mesma coisa que os dons ministeriais. Os que são advindos do Espírito Santo estão em 1 Coríntios 12.7-11 e os que são dados por Jesus estão em Efésios 4.7,11. E em Romanos 12.6-8 se misturam e surgem outros de perfil ministerial também. O dom de profecia ele está relacionado aos dons do Espírito Santo e o dom de profeta está relacionado aos dons ministeriais. Não insinuo aqui uma apologia ao Cessacionismo, apenas constato que o dom de profeta teve a sua função de fundamentação da igreja, bem como o dom de apóstolo. E por uma questão de "função" não tem como haver uma continuação de algo que já foi posto (o alicerce da igreja já foi feito). Relembro novamente o texto de Efésios 2.20: "edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular" (ARA).
Assim, o legado deixado pelos apóstolos e os profetas continua ocorrendo, mesmo na ausência deles, entretanto a função de edificar a igreja (ver Ef.4.12-14) juntamente aos demais dons ministeriais e dons do Espírito Santo que prosseguem edificando sobre o fundamento que foi colocado; tendo a sua continuidade, que ocorre por meio da Bíblia Sagrada que não morreu junto com eles, mas que é viva e eficaz (ver Hb.4.12).
COMO SABER SE A PROFECIA É DE DEUS?
Antes de responder a pergunta, gostaria de deixar aqui uma palavra para quem é o recebedor de profecias proferidas. Na Bíblia diz: "Não desprezeis as profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom". (1Ts.5.20,21 ARA). Assim, não despreze a profecia que foi dada, mas julgue primeiro! E guarde o que é bom, do grego "kalos". Isto é, que foi apropriado, adequado, conveniente. Nunca esqueça, julgai as profecias. Não aceitem todas. Aceitar tudo, só em relação a Bíblia Sagrada. Infelizmente muitos irmãos da igreja ficam com receio de questionar uma profecia, com temor a Deus. Mas se de fato tememos a Deus, temos que obedecer a instrução da sua Palavra sobre isso.
Vejamos os requisitos para identificar se uma profecia é de Deus:
1) Veja se tal profecia apela para idolatria ou heresias. Muita gente fala em nome de Deus usando essa prerrogativa para disseminar idolatria ou heresias no meio da sociedade. (Leia Dt.1.1-3; Mt.24.11).
2) Olhe a vida do que está profetizando. Não deve ser dado crédito aquele que não tem testemunho de conversão. As pessoas são muito tolas e crédulas. Qualquer charlatão arrebanha facilmente um punhado de gente após si. E estes lobos disfarçados de ovelhas se aproveitam da boa fé das pessoas para enriquecimento, cometer atos imorais e até crimes como estupro. "Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade." (Mateus 7:22-23 ARA).
3) Olhe se a pessoa que profetiza é daqueles que toda hora tá profetizando. Ou que se considera "um profeta". Este dom já se encerrou nos antigos profetas do Senhor. Não lhes dê ouvido, é arrogante.
4) Olhe se a profecia é de característica doutrinária. Se for doutrinária, é falsa! Pois esta característica de profecia se encerrou em João Batista e foi transferida aos apóstolos pelo evangelho de Jesus; restringindo-se a Bíblia Sagrada. "Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro" (Apocalipse 22:18 ARA). Veja também: Deuteronômio 4.2; Gálatas 1.8 e Provérbios 30.5,6.
5) Examine se a profecia tem harmonia com a situação, do contrário não creia. Muitos casos são relatados de profecias sem qualquer ligação com o receptor. Exemplo: alguém já profetizou o casamento de uma pessoa ao lado em um círculo de oração cuja pessoa era irmã de sangue. Há uma falta de harmonia com a realidade. Exemplo: profetiza-se uma doença na pessoa e, sem esperar ela fazer exames para constar isso, no mesmo momento diz que a pessoa não precisa se preocupar, pois já havia sido curada.
6) Olhe se o que a pessoa profetizou é algo óbvio. Se for, não dê crédito. Por exemplo: alguém profetizou que até onde chegava a sua voz na caixa de som em culto de Rua havia uma pessoa com depressão. Nos dias de hoje? Essa doença é muito óbvia. Outra pessoa profetiza num ambiente com 1.000 pessoas e diz que tem alguém muito triste ali ou sofrendo uma enfermidade ou com problemas no casamento. O que é muito sugestivo. "porque falsamente vos profetizam eles em meu nome; eu não os enviei, diz o SENHOR." (Jeremias 29:9 ARA).
7) Olhe se a profecia é para edificação, exortação e consolação. A profecia que causa ciúmes, confusão, desespero, medo, não tem unção divina. É carnal e feiticeiro. "Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro;" (Deuteronômio 18:10 ARA).
8) Saiba se aquilo que foi profetizado é assunto conhecido de quem proferiu. Se for, não receba. Com logro falou tal pessoa. As vezes as pessoas profetizam carnalmente. Pois falam de assuntos conhecidos não por Deus, mas por informações ou fofocas de terceiros.
9) Observe se quem profetiza está tentando adivinhar, acertar, prognosticar, presumir ou até agourar a tua vida. Isso é uma prática abominável a Deus (ver Dt.18.9-14). Repreenda!
PALAVRA FINAL
O apóstolo Paulo disse: "Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei." (1 Coríntios 13:2 ARA). O amor é o fator moderador desse dom e de todos os outros. Pois ele é o caminho mais excelente. Tudo o que for feito, seja dom ou talento ou qualquer outra atividade, se for com amor terá sucesso.
Referencial teórico:
Bíblia Digital versão 3.0 com léxico grego e hebraico de J. Strongs; com bíblias versões digitais Almeida Atualizada e Almeida Corrigida.
IGREJA GILEADE. Editora Hotmart. 2017. Por Daniel Durand.
Texto "Existe dom de apóstolo e profeta em nossos dias?". Por Daniel Durand. Internet:
https://anti-heresias.blogspot.com/2015/11/existe-dom-de-apostolo-e-profeta-em.html
Bíblia digital BJ - Bíblia de Jerusalém.
Bíblia internet ACF - Almeida Corrigida Fiel
Bíblia internet SBB - Sociedade Bíblica Britânica
https://www.bibliaonline.com.br/
Bíblia impressa NVI - Nova Versão Internacional.
Bíblia impressa KJA - King James Atualizada.
Bíblia impressa NAA - Nova Almeida Atualizada.
Bíblia impressa AXXI - Almeida Século XXI.
Bíblia impressa BAM - Bíblia Ave-Maria.
Dicionário Aulete
internet: https://www.aulete.com.br/
Pr. Daniel Durand (ThB.) Por Cristo, com Cristo e em Cristo.