RELACIONAMENTOS CERTOS
Você já percebeu que existem certos relacionamentos que obtemos com as pessoas, mas muitas das vezes esses relacionamentos não estão certos? Não conseguimos ter relacionamentos certos por muitos motivos. Quer ver outra coisa impactante? Temos um entendimento certo, isto é, temos uma ortodoxia, mas isso não é o suficiente para sermos uma igreja sadia. Infelizmente ser uma igreja ortodoxa não é o suficiente. Precisamos ter um sentimento certo, que embora o sentimento certo só venha por meio de um entendimento certo, não é o suficiente. Precisamos de uma prática correta, entretanto, mesmo tendo um entendimento certo que resulta em um sentimento certo e que era para dar em uma prática correta, quando vamos lhe dar com pessoas, temos uma dificuldade muito grande de se relacionar com elas de maneira certa. Acredito que o nosso enigma está revelado aqui, precisamos seriamente nos relacionar de maneira certa. Imagine quantas pessoas você tem ao seu redor, veja como as trata; como vive e como elas respondem ao seu contato. Eis aqui nossa maior dificuldade!
Para termos relacionamentos certos precisamos nos conhecer, saber quem somos. Isso já vai lhe ajudar a poder se relacionar com as pessoas de maneira empática e cautelosa.
Somos imperfeitos. (ler Rm.7.15-24).
Primeiro passo que devemos tomar na busca de relacionamentos certos é compreender que somos falhos, pecadores (1Jo.1.8,10). E isso atrapalha bastante nossa relação pessoa a pessoa. Pois mesmo que tenhamos um entendimento certo, um sentimento correto e prática correta contrapõem com o nosso velho homem que somos ainda. E tropeçamos nos relacionamentos. (Ver obras da carne Gl.5.19-21).
O ser humano é imprevisível (contingente).
O ser humano é complexo. Só Deus pode conhecer os profundos labirintos de sua alma (ver Sl.139.1-18). Existem atitudes que vem tanto de nós quanto do nosso próximo que não tem qualquer chance de se prever. Tomamos atitudes voluntárias, vindas de nossa memória consciente, porém há atitudes involuntárias, porém consentidas pela nossa razão, mas que não sabemos ao certo o porquê agimos de tal maneira. Isso tudo nos desafia a buscarmos qualidade em nossos relacionamentos. Precisamos aprender a lhe dar com as pessoas! Precisamos compreender que temos uma velha natureza em nós que atrapalha nossa vida relacional com próximo e nos bloqueia na relação com Deus. (ver Cl.3.8-17).
Somos muito emotivos.
Um dos grandes desafios hoje nos relacionamentos sociais, empresariais, educacionais e esportivos é o nosso emocional. Podemos ser pessoas altamente qualificadas para uma profissão, porém nossas emoções nos distanciam do trabalho tão sonhado. Essas emoções nos fragilizam, destroem nossos relacionamentos e criam grandes problemas para nós. Não que a emoção seja sempre algo ruim ou que ela não faça parte de nossa humanidade, pois Jesus chorou (Jo.11.35) e o Espírito de Deus se entristece (Ef.4.30). Mas devido a nossa velha natureza, nossas emoções nos empurram em precipícios do ódio, raiva, rancor, amargura, inveja, ciúmes, etc. Somente pelo fruto do Espírito podemos vencer tais emoções (Gl.5.22-23). Que não é uma briga fácil (idem v.16,17). Que venhamos aprender a usar nossas emoções em nosso favor!
A máxima dos relacionamentos.
Jesus foi interrogado por certo homem doutor da lei sobre qual era o maior mandamento na lei divina. A resposta de Jesus é focada em tudo que envolve o nosso sucesso na vida: relacionamentos. Isso tanto com Deus como com o nosso próximo. Ele mostrou que tudo envolve relacionamentos, e se descartamos o estudo e o cuidado com isso, com certeza seremos pessoas arruinadas e mais infelizes do mundo. Ele respondeu ao homem: "... Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo". (Mt.22.37,38 ARA).
Se não entendermos o que Jesus diz nesta passagem, jamais entenderemos qualquer outra coisa que ele tenha dito. A vida é focada em relacionamentos. Na vertical: com Deus; na horizontal: com o próximo. Veja os 10 mandamentos. Todos eles envolvem "relacionamentos". Observe que Jesus diz "E o segundo, semelhante a este", ou seja, o amar ao próximo tem o mesmo peso e qualidade.
Assim, para que tenhamos relacionamentos certos, tanto com Deus quanto com o nosso semelhante precisamos colocar o amor na frente. (Veja 1Co.13.4-7).
A cura de Deus para que haja relacionamentos certos.
Deus nos conhece profundamente e sabe quem somos (ver Sl.103.14). Ele proporcionou a cura para nós (Jo.3.16). Uma vez que nosso relacionamento com ele foi quebrado por causa do pecado o que Deus fez está exposto no Evangelho e de seu próprio Ser que herdamos a imagem e semelhança. Nesses dois pontos (o Evangelho e a herança de seu Ser em nós) encontramos tudo o que precisamos para que tenhamos relacionamentos certos. Vejamos:
No Evangelho encontramos respostas:
1) Ele se fez carne (Jo.1.1-3,14) se aproximou de nós sem virar pecador como nós (2Co.5.21).
Viveu entre nós como ser humano para que nossa humanidade fosse restaurada a Deus por sua representação. Deus se colocou no nosso lugar. Entretanto Deus o preservou da pecaminosidade. Jesus não conheceu pecado. Ele foi santo até o fim, como nosso sumo sacerdote para sempre (Hb.7.26). Para que possamos ter relacionamentos certos temos que nos aproximar das pessoas dentro dos limites de uma boa relação. Como todos nós somos falhos e pecadores; e como todos nós precisamos de comunhão, essa aproximação não pode deixar de existir, mas também não pode ser tanta (Pv.25.17). Você já ouviu falar da estória dos porcos espinhos? Lembre-se: "A amizade nunca foi e nunca será uma questão de presença física. Porque amigo não precisa estar amigo, precisa ser". (autor desconhecido).
2) Ele nos deu o perdão (Ef.4.32)
A única maneira de se obter um relacionamento certo é com o perdão. Deus decidiu nos perdoar por meio de uma ação em que ele transfere a nossa culpa para seu filho e esse a assume para que nós sejamos perdoados. Observe que em momento algum Deus dispensa a culpa. Todavia não dispensa o perdão. Deus viu que com seres imperfeitos, falhos e pecadores não teria como ter relacionamento algum se não fosse por perdão. Assim deve ser o nosso relacionamento mútuo. Quem deseja perfeição dos outros não tem como haver relacionamento certo. E também não quem põe em "panos quentes" uma relação desastrosa nunca terá relacionamentos acertados. Deus não colocou o pecado em "panos quentes", ele tratou.
3) Ele nos fez um novo homem (2Co.5.17)
Por meio de Cristo, no poder do Espírito Santo, podemos nos tornar novas criaturas. Com base em Cristo e não em Adão. Esse novo ser, embora construído nos escombros do velho homem, vai se tornando a medida de Cristo (Ef.4.13). Precisamos nos revestir da nova criação que Deus nos concedeu por meio de Cristo debaixo do poder do Espírito. É com essa nova natureza que podemos e devemos nos relacionar. Veja a orientação que Paulo nos dar sobre isso: Efésios 4.24-32. Note que em todo momento ele reprova a velha natureza nos relacionamentos em virtude da nova.
Na herança divina em nós, podemos encontrar várias respostas também:
Embora tenhamos nos degradado em nossa pecaminosidade, somos seres racionais, pensamos e escolhemos; e herdamos isso de Deus. Pois ele nos fez a sua semelhança (ver Tg.3.9). E embora nossos raciocínios tenham se tornados fúteis em ralação a Deus (Rm.1.21-25), temos a capacidade de usar o que herdamos para que possamos nos conhecer melhor e possamos conviver melhor um com outro. Buscando entender nossos comportamentos e como melhorar nossa relação um com o outro. Imagine isso iluminado com a mente de Cristo que é reproduzida em nós por meio do novo homem? (ver 1Co.2.16).
Leiamos Tiago: "Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança." (1.17 RA)
No meu livro Evangelismo Progressivo, eu escrevo:
"Deus distribuiu medidas significativas de capacidade humana nas áreas musicais e artísticas: 'O nome de seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta' (Gênesis 4.21 ARA). Na ciência: 'E tu, Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará' (Daniel 12.4 ARC). Myer (p.99) diz: 'O animal é meramente uma criatura da natureza; o homem é senhor da natureza. Ele é capaz de refletir sobre si próprio e arrazoar a respeito das causas das coisas. Pensem nas invenções maravilhosas que surgiram da mente do homem [...] Olhem a civilização construída pelas diversas artes. Considerem os livros que foram escritos, a poesia e a música que foram compostas'. Deus poderia ter suprimido isso para que a humanidade não viesse a ser tão criativa e intelectual. Deus preservou a sua imagem posta no ser humano: 'Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou' (Gênesis 1:27 ARA).
E a sua semelhança também: 'Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus' (Tiago 3:9 ARA). Por isso pensamos, raciocinamos e temos escolhas. A preservação disso depois da desobediência no Éden é fruto da graça comum". (Evangelismo Progressivo, p.14,15).
Dicas preciosas de sabedoria para obtermos relacionamentos certos:
1) Pense antes de falar.
Veja o que diz o autor do livro A Fina Arte de Lidar com Pessoas: "Observe as pessoas COMUNS, os infelizes e fracassados: eles falam sem pensar e sem medir as consequências das palavras. Eles falam quando deveriam CALAR e calam quando deveriam FALAR". (Ivan Maia, p.10). Quando não cumprimos isso, a língua será mais rápida do que a mente, e quando isso ocorre, deixamos um monte de palavras soltas que poderão ser interpretadas como quiser e julgadas quando menos esperamos. Precisamos de mente grande! Geralmente, quem tem língua grande é porque a mente é pequena. Imagine quantos relacionamentos errados surgem por causa de uma palavra!
2) Lei da transformação.
"Nossas PALAVRAS criam nossos PENSAMENTOS, que afetam nossos SENTIMENTOS, que definem nossos COMPORTAMENTOS, que determinam nossos RESULTADOS". (Idem, p.14).
Exemplo: Você tem um problema para enfrentar. Então começa a dizer para as pessoas que é muito difícil, que não sabe o que fazer; que vai desistir, pois é muito complicado. O que temos aqui? Uma tragédia anunciada. Você pensará negativamente sobre isso, e esses pensamentos ruins vão afetar tuas emoções (sentimentos) e o resultado será o pior possível antes mesmo de vir o problema, imagine: Você terá estrutura emocional para pensar em resolver esse problema?
Substitua as palavras: "problema" por "questão" - "muito difícil" por "muito desafiador" - "não sabe o que fazer" por "preciso descobrir como fazer" - "vai desistir" por "vai ver alternativas" - "é muito complicado" por "requer mais planejamento". E veja que seus pensamentos mudarão; os sentimentos também e espere o resultado. Antes do problema vir você estará mais forte e na hora de resolvê-lo estará preparado emocionalmente.
Pense como você pode transformar o mundo ao seu redor com palavras que venham a edificar as pessoas! Pense como você poder melhorar seus pensamentos, sentimentos, comportamentos e por fim verás resultados extraordinários!
3) O eco emocional. Quando nos dirigimos às pessoas, elas não se guiam por razão, mas por emoção.
"Cada vez que você fala com alguém, uma entre duas coisas acontece: ou ele fica a seu favor ou fica CONTRA VOCÊ; ou atua como seu parceiro e colaborador ou como ADVERSÁRIO E OPONENTE. Sendo assim, COMO falar é muito mais importante do que O QUE falar, e embora a escolha das palavras seja importante e deva ser feita com cuidado, isso de nada adiantará se o seu tom de voz for inadequado". (idem, p.35).
Podemos estar certos, com a ortodoxia em nossa argumentação, entretanto sofremos naufrágio na ortopraxia (prática correta) e ortopatia (sentimento certo) por causa de nossos relacionamentos errados. Pois nos dirigimos às pessoas de maneira estúpida. Eu te pergunto: o que valeu todo o teu raciocínio e toda a tua ortodoxia se você não soube comunicar a verdade de Deus para aquele que estava no engano? Suas palavras constroem pontes ou abismos!
Você pode estar com a verdade, com a razão, mas a maneira como você se expressa para as pessoas determinará o acolhimento ou a rejeição de suas palavras. Você já ouviu a estória do sonho do rei e a resposta de seus sábios? Aprenda que a verdade pode ser dita de duas formas: negativa ou positiva. Se as pessoas não te dão ouvidos, pode haver outros motivos, mas você já pensou que pode ser a forma negativa em que você diz a verdade?
CONCLUSÃO
Deus abençoe nossos relacionamentos. E que cada um de nós venhamos a ser um agente de mudança e melhoria, pois Deus não vem fazer o que é de nossa responsabilidade. Até a próxima minha gente!
Pastor Daniel Durand, servo de Cristo e vosso servo.