SHEOL
Mundo dos espíritos dos mortos do Antigo Testamento.
Este artigo tem como objetivo levantar evidências bíblicas sobre o Sheol como sendo habitação das almas que morreram, sejam justas ou injustas antes da expiação efetuada por Cristo na cruz.
TERMINOLOGIA DA PALAVRA
Sheol é uma palavra hebraica que significa "mundo inferior (dos mortos), sepultura, inferno, cova". (Léxico Strong). Esta palavra pode significar algumas vezes "sepultura". Porém o termo hebraico mais apropriado é "qeber" ou "qibrah" (no feminino): "túmulo, sepultura, tumba". (Exemplos: Gn.23.4; 2Sm.2.32 e 3.32). Bem como "qebuwrah" ou "qeburah": "túmulo, sepultamento, lugar de sepultamento". (Exemplos: Gn.47.30; Dt.34.6 e 2Rs.21.26). A palavra sheol tem um uso para designar muito mais do que uma sepultura material. Ela tem um uso específico para tratar de uma "sepultura espiritual". Um lugar de depósito dos espíritos dos mortos. E que se assemelha ao "Hades" do grego.
O LIMITE E ESPAÇO PARA ATUAÇÃO NO CAMPO DAS IDEIAS
Quando
tratamos de assuntos bem definidos na Bíblia Sagrada o campo das
ideias devem ficar em silêncio e sujeitar-se a autoridade da Palavra
de Deus. Se a temos como inspirada e como única regra de fé e
conduta. No entanto, quando tratamos de assuntos que a Bíblia não
define claramente ou que a mesma se silencia. Temos espaço para
atuar no campo das ideias. Mas, com cuidado para não ferirmos com
nossas ideias outros assuntos já definidos pelas Escrituras. Assim,
dentro deste espaço, podemos conjeturar sem o perigo de criarmos uma
heresia. Mas, sim uma "teoria" ou "hipótese". Não
plausivelmente uma doutrina ou heresia. Lembrando que apenas no que tange ao sheol como lugar onde Jesus foi e o que ocorreu com esse lugar depois da sua ressurreição. Pois os demais assuntos já são bem definidos pela Bíblia e explanado na teologia sistemática.
O ARGUMENTO COMPARATIVO
Como a sepultura material (qibrah) abriga os corpos tanto de justos como de injustos a sepultura espiritual (Sheol) recebia tanto os justos quantos injustos do Antigo Testamento também.
O QUE JESUS FOI FAZER NO SHEOL?
Argumentar que Jesus foi ao inferno somente para nos provar do seu poder e da sua vitória sobre o inferno não seria suficiente. Isso seria um contrassenso da clássica expressão bíblica: "o justo viverá pela fé". Deus não tem que provar nada para ninguém. Ou cremos nas suas promessas ou não cremos. Isso alimentaria uma fé condicional. Por isso, Jesus foi fazer algo a mais no Sheol e algumas passagens sugerem isso: "Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro...". (Ef.4.8). Em seguida diz: "Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido às regiões inferiores da terra?". (idem v.9). Jesus levou "cativo o cativeiro" é uma expressão ligada à situação dos mortos justos antes da expiação da cruz. Cristo foi ao Sheol retirar os justos do Antigo Testamento. Estas pessoas estavam no inferno como "local" e não como "estado". Eram preservados assim por causa da morte de Cristo que estava prevista para se concretizar, por isso que a Bíblia fala "... do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo". (Ap.13.8).
A HISTÓRIA DE RICO E DO MENDIGO LÁZARO
Jesus nos conta uma história em Lucas (16.19-31) que nos ajuda a retirar três conclusões:
1) Jesus contou esta história antes da sua expiação na cruz.
Esta história é contada na situação em que se encontravam os mortos antes do evento da cruz. Ou seja, as pessoas morriam e após a morte eram levadas para este lugar. Tanto os justos quanto os injustos.
2) Os injustos contemplavam os justos.
O homem rico contempla ao mendigo Lázaro e Abraão (Lc.16.23). Isso evidencia que ambos estavam num mesmo lugar: o Sheol (inferno). Que no texto se usa a palavra "Hades" traduzida como "inferno". Observe bem o verso 23: "No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio". São inevitáveis duas perguntas aqui: O rico estava há onde? E estando lá viu a quem?
3) A existência de um abismo separador revela dois locais num mesmo lugar.
O texto menciona a existência de "um grande abismo" entre os dois: o rico e o mendigo Lázaro (Lc.16.26). Evidenciando a existência de locais que, pela narrativa do texto, num havia "tormentos" e o outro "consolo". Parece que o apóstolo Pedro faz menção há este abismo (ver 2Pe.2.4). A palavra grega que ele usa para "inferno" não é o comum "Hades". Pedro usa outra palavra grega: "Tartaroo". Que tem um dos seus significados: "abismo mais profundo do inferno".
O LAMENTO INCONSOLÁVEL DE JACÓ
A palavra que Jacó dar quando lamenta da suposta morte de seu filho José ele declara: "Chorando, descerei a meu filho até à sepultura. E de fato o chorou seu pai". (Gn.37.35). Entretanto, três coisas devem ser esclarecidas aqui:
José não morreu, foi vendido como escravo por seus irmãos (ver Gn.37.19-28).
Jacó não estava falando da sepultura material (qibrah). Como não tinha corpo para sepultar, pois seus irmãos haviam tomado suas vestes e manchado com sangue para que Jacó pensasse que ele fora devorado por feras (ver Gn.37.31-34). Jacó fez menção a sepultura espiritual, Sheol, que inclusive é a palavra usada no texto hebraico. É por isso que na Nova Tradução Linguagem de Hoje diz: "Vou ficar de luto por meu filho até que vá me encontrar com ele no mundo dos mortos. E continuou de luto por seu filho José".
Nesse contexto, Jacó tinha consciência que os mortos justos eram levados para o Sheol. Pois tanto a José quanto ele também, segundo seu lamento, ia para o mesmo lugar.
CONCLUSÃO
Os mortos antes da cruz de Cristo eram levados para o mesmo lugar, o Sheol. E estando lá, os injustos ficavam "em tormentos", e os justos eram "consolados". Contudo, apesar de serem consolados, os justos precisavam ser resgatados deste "cativeiro" espiritual e colocados num lugar que foi tirado do ser humano: O paraíso (Gn.3.23,24). E isso Jesus vez ao descer para o Sheol e ao subir as alturas do céu. O apóstolo Paulo falou sobre o paraíso como sendo o "terceiro céu" (2Co.12.1-4). Creio que todos os justos do antigo testamento foram transportados para o Paraíso, bem como todos os justos que morrem no novo testamento vão para este mesmo lugar. Jesus disse ao ladrão da cruz "hoje estarás comigo no paraíso". (Lc.23.43). Tornando assim o antigo Sheol um lugar somente dos injustos. Que futuramente será lançado dentro de outro lugar: "Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo". (Ap.20.14). Onde "inferno" aparece no grego como "Hades".Sendo, portanto, o Geena (também traduzida por inferno), o lugar de punição futura. Correspondente ao lago de fogo mencionado em Apocalipse. Designava, originalmente, o vale de Hinom, ao sul de Jerusalém, onde o lixo e os animais mortos eram jogados e queimados (J. Strong). É um símbolo apropriado para descrever a condenação eterna dos ímpios. Que serão lançados ali porque não quiseram ser consertados por Jesus. E o que fazemos com coisas quebradas sem conserto? Jogamos no lixo! O mesmo fará Deus com os ímpios (reflexão Jo.15.6).
Maiores informações sobre o inferno, você se encontra na escatologia individual. Em todo material de teologia sistemática clássica e ortodoxa. Links sugeridos:
https://www.youtube.com/watch?v=waa3ebVC2nY
https://www.youtube.com/watch?v=NWMtbSR7-90
https://www.youtube.com/watch?v=waa3ebVC2nY
https://www.youtube.com/watch?v=ijoNcRYp-cY
Autor: Pr. Daniel Durand (ThB).