SOMOS UMA IGREJA MODERADA
Percebo as pessoas indo para os
extremos. Gente que tanto nos ouviu sobre a importância do equilíbrio
teológico, hoje migra para igrejas que elencam posições extremadas quanto à
natureza e o caráter de Deus. Perderam a ponderação os tais que se assediaram
por essas igrejas. A Palavra de Deus nos orienta claramente:
"Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação." (2 Timóteo 1:7 ARA).
A pessoa já nascida ou convertida em igrejas de extremos teológicos é compreensível, mas ver pessoas que nos conheceram dentro de um equilíbrio teológico e partirem para essa posição é tolice. Pois somos uma igreja moderada.
Alguns extremos teológicos são dignos de nota aqui e suas igrejas relacionadas, que ferem a natureza e o caráter de Deus.
1) Que ferem a natureza de Deus: a sua soberania. Vamos colocar aqui o pelagianismo (igrejas liberais), o semipelagianismo (igrejas neopentecostais e algumas pentecostais desinformadas), o teísmo aberto (igrejas liberais), a confissão positiva, teologia da prosperidade, maldição hereditária (igrejas neopentecostais).
Essas teologias desafiam aquilo que entendemos sobre soberania divina. A Bíblia diz:
"Nos céus, estabeleceu o SENHOR o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo." (Salmos 103:19 ARA).
Qualquer uma dessas teologias que eu puxar aqui para explicar sua proposta, nós veremos claramente que afrontam a natureza de Deus, quanto a sua soberania.
RESUMINDO...
O que é o pelagianismo? Um pensamento e interpretação que torna o ser humano independente de Deus quanto à salvação, pois para se voltar a Deus ele só tem que querer. Negando a soberania de Deus na salvação. Pois, segundo as Escrituras, é Deus quem salva o pecador (Is.43.11), é Deus quem dar graça para que o ser humano possa ser redimido (Ef.2.8). Quando vejo igrejas alimentando um ensinamento dessa natureza não posso entender que seja moderada. Nem mesmo as que adotam o semipelagianismo.
O que é o semipelagianismo? Um posicionamento que não admite o pensamento pelagiano por inteiro, aceita a graça divina como decisiva na salvação, mas coloca a iniciativa humana para que essa salvação seja consolidada. O que também fere a soberania divina na salvação. Pois admite a livre participação humana sem qualquer libertação vinda da parte de Deus no tocante ao seu arbítrio afetado pelo pecado. O que também torna o homem de certa forma independente de Deus quanto à salvação. Mesmo que essa independência divina seja um tanto que maquilada.
O que é o teísmo aberto? Conhecida também como teologia relacional. É uma interpretação de que Deus abriu mão de sua natureza divina para (supostamente) ter uma relação verdadeira com o ser humano. Assim, Deus não conhece o futuro, logo sua soberania fica inexistente. Para ele conhecer o futuro é preciso predeterminar, mas ele se resumiu a predeterminar só a vinda de seu filho e a redenção por meio dele. Ele não conhece os eleitos e nem os perdidos. As tragédias e até coisas triviais lhes são desconhecidas. E podem surpreendê-lo.
O que é a confissão positiva? É a crença de que as palavras têm poder. No sentido de influência sobrenatural, de força independente, que interfere na vida e nas coisas. Essa teologia fere a soberania de Deus porque faz concorrência com Ele. O primeiro mandamento cabe muito bem aqui: "Não terás outros deuses diante de mim". No que positiva, envolve a falas positivas, que sendo pronunciadas geram uma energia positiva trazendo ou atraindo coisas boas. E o oposto se dá caso sejam falas negativas. Uma teologia embaraçosa para Deus. Pois como soberano do universo, seu governo fica cheio de governantes paralelos que também decretam as coisas. E Deus tem que conciliar.
O que é a teologia da prosperidade? É conhecida também como teologia da saúde e da prosperidade, confissão positiva, movimento palavra de fé. Nessa teologia o ser humano faz parte da natureza divina, como se fosse um deus. E que por isso, ele tem plena saúde e prosperidade. Ele não é apenas um mordomo de Deus, ele é o dono das bênçãos, basta tomar posse. A mordomia cristã fica distante desse entendimento, consequentemente a soberania divina.
O que é a maldição hereditária? É uma crença similar a confissão positiva. Só que indo pela contraposição. Incluindo o elemento pecado ou o mau comportamento de alguém que se torna uma maldição para sua família. E consequentemente acredita-se que há um "especialista" no assunto que tem o poder de fazer a quebra dessa maldição hereditária. Uma teologia em que Deus, o soberano do universo, o que ele amaldiçoou, tem alguém aqui na terra que pode quebrar. Um pensamento muito semelhante à magia, que são poderes autônomos que interferem na natureza de forma ruim ou boa sobre as pessoas ou coisas quando invocadas. O que fere a soberania divina, pois tudo está sob o controle de Deus e ninguém na terra pode tomar esse controle de suas mãos. Todo o poder, glória e força são do Senhor nosso Deus. Essa crença descamba no deus ausente, pensamento muito difundido no deísmo.
2) Que ferem o caráter de Deus: o seu amor e sua bondade (atributo moral). Podemos colocar aqui como exemplo o calvinismo (igrejas tradicionais/reformadas).
A Bíblia diz:
"Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor." (1 João 4:8 ARA).
"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (João 3:16 RA)
"Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia." (Salmos 34:8 ARA)
"O SENHOR é bom para todos, e as suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras." (Salmos 145:9 ARA).
RESUMINDO...
O calvinismo na sua forma extrema, conhecido como supralapsário, acredita que Deus predeterminou o pecado, a queda, o próprio Satanás. Tudo de ruim ocorreu por decisão e predeterminação de Deus. O que faz dele o responsável por todo o mal. Ora, o amor e a bondade de Deus são conhecidos na teologia sistemática como alguns dos "atributos comunicáveis" (atributos morais de Deus). Isto é, atributos que encontramos semelhança no ser humano, feito à sua semelhança (Tg.3.9). Diferente dos "atributos incomunicáveis" (atributos naturais de Deus) que são exclusivos de Deus (exemplo: a onipotência). Entretanto, o que fazemos quando sabemos que alguém premeditou alguma maldade que fez? Isso mesmo que você pensou: pediria justiça e ficaria na torcida de que o sujeito seja condenado e pague pelo mal que fez. Assim, o calvinismo supralapsário é uma afronta ao caráter de Deus. Afronta o seu amor e bondade. Toma atitudes que nós, pecadores, não faríamos. Deus deixa de ser Deus e vira um ser pior do que o Diabo. Não há qualquer justiça em seus atos. Pois Ele provoca o mal que Ele mesmo irá sentenciá-lo. Ele decrou antes da queda os eleitos e os perdidos.
Por outro lado, existe o calvinismo infralapsário, que busca amenizar essa celeuma teológica. Alegam que Deus não predeterminou o pecado ou a queda do ser humano, Ele decretou "permitir" o pecado e a queda, e a partir da queda ele predeterminou os eleitos dentre os condenados. O que também não adianta de nada. Uma vez que Deus é amoroso e bondoso, como que ele faria uma coisa dessas? Que amor é esse? Como que nós, que temos o atributo comunicável do amor e da bondade, faríamos isso com umas pessoas sem salvar as outras? Uma vez que elas estão inabilitadas para se voltarem para Deus por causa da escravidão do pecado e morte espiritual? (Ef.2.1-3).
Essa problemática surge porque o calvinismo, no geral, nega o livre arbítrio do ser humano. Os infralapsarianos reconhecem um livre arbítrio somente em Adão e Eva. Já os supralapsarianos não admitem qualquer possibilidade. Tudo isso para que a soberania divina não seja afetada? Entretanto, o zelo exclusivo por esse atributo natural de Deus acaba que ferindo atributos morais de Deus, como o seu caráter. E vou mais longe ainda: esse zelo descabido pela soberania divina gera conflito até entre os atributos naturais de Deus. Pois a predeterminação de Deus, nos parâmetros calvinistas, sem levar em conta a libertação do arbítrio do ser humano para a salvação, torna a onisciência divina um atributo sem qualquer relevância. Nisso, o calvinismo assemelha-se ao teísmo aberto. Onde ensina que Deus só conhece o futuro que ele preordenou e que enaltece o amor de Deus em detrimento de todos os atributos morais e naturais (um atributo se destaca dos outros). Qual a importância da onisciência de Deus? Ele sabe de todas as coisas por ter ele predeterminado tudo? Ou ele predetermina tudo por presciência de tudo? No tocante ao ser humano, um ser contingente e que carrega a imagem de Deus em sua vida, mesmo que seja um ser totalmente depravado, o seu arbítrio escravo do pecado carece ser liberto pela graça preveniente para escolher. Caso não seja assim, a onisciência é um zero à esquerda; e Deus não é amoroso e nem bondoso. Pois uma vez que não há o arbítrio, não há relevância para existir a onisciência divina. Nem justificativa para sua atitude malvada e cruel de salvar alguns dentre os condenados. A Bíblia nos mostra que os eleitos existem mediante a presciência de Deus (2Pe.1.2; Rm.8.29) e os condenados mediante a desobediência ao evangelho (2Ts.1.8,9), a resistência ao seu Espírito (At.7.51).
Diante de todas essas teologias extremas aqui expostas, o que dizer aos que não partiram para igrejas que elencam essas posições extremas?
Que busquem a moderação. Não se deixem levar pelos assédios das igrejas neopentecostais ou tradicionais/reformadas. Fujam do proselitismo. Afastem-se dessas teologias exageradas.
Nossas palavras tem poder, mas num sentido psicológico ou difamatório, não somos Deus. Só ele determina e acontece. Oremos a Deus pedindo sua benção, saúde, prosperidade, mas não devemos se iludir que nesse mundo deixaremos de passar por aflições (Jo.16.33). Ele nos responde a oração, mas segundo a sua vontade (1Jo.5.14). Deus tem seus propósitos com o rico e com o pobre (Pv.22.2). O desejo de ficar rico gera descontentamento e males (1Tm.6.8,9). O pensamento da confissão positiva ou maldição hereditária descamba para magia. Não sejamos tolos de cair pelo caminho da magia. Pois a magia é uma afronta à soberania divina. Deus repudia isso (Dt.18.9-13). Enfim, as igrejas neopentecostais e suas teologias causam bastantes conflitos com a Palavra de Deus bem como as igrejas liberais. Logo, os irmãos que partem para essas comunidades mergulham num poço de ilusão e não avaliam as perdas. Pois somos uma igreja moderada.
Se você quer uma refutação mais robusta sobre isso, confira no meu blog as seguintes postagens e demais sugestões de textos e livros relacionados:
Refutação ao neopentecostalismo no geral:
https://anti-heresias.blogspot.com/2009/01/objees-bblicas-ao-neopentecostalismo.html
https://anti-heresias.blogspot.com.br/2013/04/interpretacoes-equivocadas-dos-pastores.html
https://anti-heresias.blogspot.com.br/2011/05/origem-do-retete-e-raiz-do-problema-dos.html
Refutação a maldição hereditária:
https://www.icp.com.br/apologetica046.asp
https://anti-heresias.blogspot.com.br/2012/04/bencao-e-maldicao-nas-escrituras-e-os.html
https://anti-heresias.blogspot.com.br/2012/05/pecados-de-familia-x-maldicao.html
Refutação ao teísmo aberto: https://anti-heresias.blogspot.com/2008/12/teologia-relacional.html
Refutação ao liberalismo teológico: https://www.icp.com.br/df69materia1.asp
Existem livros também que refutam essas teologias. Dentre esses você pode conferir e adquirir:
EVANGÉLICOS EM CRISE
https://www.amazon.com.br/Evangelicos-Em-Crise-Paulo-Romeiro/dp/8573250135
SUPER CRENTES
https://www.amazon.com.br/Crentes-Evangelho-Milhomens-Profetas-Prosperidade/dp/8585670908
FATOS SOBRE O MOVIMENTO DA FÉ
EU NÃO SEI MAIS EM QUEM TENHO CRIDO
https://www.amazon.com.br/n%C3%A3o-mais-quem-tenho-crido/dp/8576221098
TEÍSMO ABERTO
Sobre o posicionamento fechado das igrejas tradicionais/reformadas com o calvinismo eu não tenho nada com isso, crer que Deus age da forma como refutei aqui nesse pequeno texto é problema deles e de quem acredita assim. Pode ser que eles tenham uma explicação. O que tenho a dizer aos nossos irmãos da Gileade é que temos também o pensamento arminiano clássico que coexiste em nossa igreja local, e faz o equilíbrio sobre a temática: soberania divina e responsabilidade humana. Que admite e entende o primeiro ponto dos cinco pontos da soteriologia calvinista (a depravação total), mas quanto aos demais, não se fecha a questão. Não tenho dificuldade com os que se convertem em igrejas calvinistas e seguem essa teologia, pois em outros assuntos há uma boa teologia e sadia mensagem sendo propagada, mas repudio a ignorância de irmãos que saem de nosso reduto para igrejas com esse perfil teológico fechado com o calvinismo em detrimento do arminianismo clássico. Continuo acreditando que é possível que ambas as perspectivas coexistam pacificamente lado a lado em uma mesma igreja local. Mas alguns irmãos vão para uma igreja que fecha só com uma, é lamentável. Estavam em uma igreja moderada nesse assunto (e se propõe ser assim em todos); que descarta o semipelagianismo e não fecha com o calvinismo, que procura o equilíbrio entre soberania, onisciência, amor e bondade de Deus, que até possui calvinistas, daí abraçam sem qualquer avaliação de perdas uma igreja exclusivamente calvinista, é tolice ou pragmatismo. Por isso, sugiro aos irmãos de nossa igreja que preservem sempre a moderação, perseverem na sensatez e foquem nas doutrinas essenciais da fé cristã.
Se você quer uma refutação mais robusta sobre isso, confira no meu blog as seguintes postagens e demais sugestões de textos e livros relacionados:
Ponderações:
https://anti-heresias.blogspot.com/2015/02/os-dogmas-evangelicos.html#more
https://anti-heresias.blogspot.com/2016/08/contraste-entre-arminianismo-e.html
https://anti-heresias.blogspot.com/2013/02/diferenciando-dogma-de-doutrina.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipercalvinismo
Refutações em livro:
QUE AMOR É ESSE?
https://www.amazon.com.br/Que-Amor-Este-Dave-Hunt/dp/8580881439
CONTRA O CALVINISMO
O LADO NEGRO DO CALVINISMO
"Mesmo quando anda pelo caminho, falta entendimento ao tolo, e ele mostra a todos que é tolo". Eclesiastes 10.3 AXXI
Pr. Daniel Durand (ThB.) Por Cristo, com Cristo e em Cristo.